terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Duatlo do Jamor



Grande aventura para inicio de época! Uma aventura na lama!
As condições climatéricas das últimas semanas anteviam um percurso de BTT com alguma lama, mas estávamos longe de imaginar aquilo que iríamos encontrar.
A tempestade da noite anterior ainda veio ajudar a piorar as condições do terreno.
Eu e o Jorge Vieira fomos cedo e fizemos uma volta de reconhecimento ao percurso. Arvores caídas, o terreno cheio de ramos soltos, muita água e certas zonas com muita lama. O cenário estava montado…era só esperar que 600 bicicletas por ali passassem!
Julgo que o espírito de todos era o mesmo. Todos estávamos expectantes. Diria mesmo com algum receio do que iríamos encontrar pela frente.
Mas, mesmo com algumas quedas, problemas mecânicos e outras peripécias, tudo correu muito bem. Todos nós (ou quase todos) entramos no espírito da lama e desfrutamos com bastante prazer da prova. No final, apesar da cor castanha ser a predominante em todos, a sensação geral era de ter participado e, mais importante, ter terminado um evento único.
Estamos todos de parabéns.
Em termos desportivos, queria salientar a prestação do Marco. Excelente prova. Vamos rapaz, aprende a nadar:)
Mas não te vou largar a roda nas Lezírias:)
Junto seguem alguns relatos dos nossos atletas:

Luís Bicudo

Olá malta, também adorei a prova. Não me sinto em boa forma, tenho falhado muitos treinos e isso vai ter de mudar rapidamente para conseguir chegar à meta do HIM de Lisboa.
Como tem sido hábito na corrida, segui o ritmo do Paulo. E é verdade, saí da transição que nem maluco. Mas isso faz já parte da forma como corro. Venho com o coração aos saltos da natação ou corrida e não consigo evitar aquele sprint inicial. De qualquer forma comecei logo a abrandar, pois não me sentia nada seguro no meio de tanta lama e tantos atletas. A meio da primeira volta já não havia óleo na corrente e esta já se queria entalar a cada 50 rotações. Na segunda volta já me sentia mais à vontade mas a lama estava cada vez mais manhosa. Desmontei só uma vez numa subida e só não caí porque andei sempre na defensiva. Na segunda corrida lá recuperei alguns lugares para a malta do btt.
É uma sensação fantástica de liberdade correr naquelas condições, fartei-me de rir quando na meta olhei para as vossas caras cheias de terra.

Jorge Vieira

Pelo meu lado, também tive uma queda… não muito violenta…mas também tenho um joelho e uma anca marcados para mostrar ao meu filho… ena pai estás com sangue… isso dói diz ele, na ingenuidade dos seus 4 anos.
A corrida foi pacífica. O Paulo e o Luís foram rompendo o “maralhal” até encontrar o Bruno, que me fez companhia (inicialmente nem disse nada para não o picar. Ia perto das 180 bpm e só queria aguentar. Este é o meu limite máximo pelas contas dos 220-idade….), e pelos comentários do Bruno ao Paulo, percebi que ele estava na mesma estratégia que eu. Calma na corrida para resistir na bike, sabendo que ultimamente apenas tenho treinado ao fim de semana.
No BTT, apanho o Bruno a levantar-se do empedrado, trocamos um breve tudo ok!? E mais à frente foi a minha vez que ir ao chão no alcatrão em frente ao estádio, quando travei para subir o passeio a roda de trás passou para a frente e fiquei virado para a direcção de onde vinha (foi embaraçoso cair logo numa zona espectáculo, até o meu pai assistiu….)
A partir dai fiquei com mais cuidado, pois quedas não acontece só aos outros…
Na segunda volta de bike, foi lutar contra a lama nos olhos, os pés que já não encaixavam nos pedais, a pedaleira pequena que já não entrava, a corrente aos saltos sobre os dentes da cremalheira….e por cada subida que passava só pensava “menos uma”…
Na transição para a corrida até deu para tirar as meias …”para ir mais leve” pois estavam completamente ensopadas…. e lá fui para os últimos 2.5km a fundo sempre a 180 bpm (que pareciam km) quando passamos pelos “betetistas” que aparecem no Jamor .
Foi porreiro, valeu pela adversidade, nunca tinha andado com tanta lama, parecia baba de camelo pela cor, mas escorregadia……., no fim senti-me feliz…. Nem perdi assim tanto para o Paulo…he, he.

Bruno Silva

Da minha parte, foi claramente a pior prova da minha vida.O facto de estar em má forma, só me retirava objectivos mas não a motivação de dar o meu melhor. Foi o que tentei fazer desde o início.A primeira corrida foi normal, a preparar-me para um segmento que se adivinhava complicado. Mas com o terreno tal como o encontrámos era muito complicado para alguém como eu que não faz BTT o ano inteiro (apenas no Jamor e nas Lezírias...) progredir naquelas condições.Para ajudar duas quedas quase consecutivas na zona de empedrado ainda na primeira volta deixaram algumas marcas, pelo menos abalaram a confiança na minha já diminuta técnica de BTT.A primeira queda foi mesmo a mais dura que tive até hoje, fruto do sítio onde caí (era mesmo duro o raio do empedrado...) e também da velocidade a que rolava.Bati com violência no chão, sofrendo uma pancada forte na cabeça que o capacete absorveu mas deixou-me com fortes dores no pescoço, além de escoriações na perna e braço do lado esquerdo.A segunda queda foi ao mesmo estilo mas aí já rolava a uma velocidade menor, serviu apenas para agudizar as dores e retirar confiança.Quando me levantei, tive de parar por uns momentos para me recompor e para ganhar coragem para enfrentar o que restava do percurso, pois ainda faltavam três quartos do percurso de BTT...Como não tinha mais do que fazer naquela manhã, lá continuei paulatinamente. Bem devagar e a ser sucessivamente ultrapassado, algo a que estou bem habituado nos segmentos de ciclismo...A segunda volta foi mais calma. Até porque já poucos duatletas viriam atrás de mim...Foi com alegria que terminei o segmento de ciclismo e finalizei a prova com um segmento de corrida normal para o meu estado de forma e para as dores que trazia.Uma palavra para o meu irmão que, pela primeira vez, ficou à minha frente numa prova desportiva. Preferia que tivesse sido noutras condições, mas como estas eram iguais para todos e como ele também está a atravessar um momento menos bom de forma devido às obrigações pessoais e profissionais que tem e que o impedem de treinar e render o que pode, é de louvar a prova que fez. Parabéns puto! Agora é recuperar as mazelas e daqui a quinze dias lá estaremos nas Lezírias, de preferência com menos lama.

Paulo Teles

Desportivamente a prova não me correu grande coisa. O resultado foi perfeitamente mediano. Mesmo na minha forma actual, acho que consigo fazer um pouco melhor.
Fui cedo para o Jamor. E quando cheguei até estava Sol. Fui fazer uma volta de reconhecimento com o Jorge...e logo percebi que ia ser uma festa de lama. Viam-se os estragos da noite de temporal. Arvores caídas, etc., etc.
E ainda tinha uma surpresa guardada. No final da volta de reconhecimento furei. Quando estava a mudar o pneu, começou a chover torrencialmente. Era o aquecimento...
Mas, ia ser igual para todos e a festa estava instalada.
A minha ideia era fazer uma prova prudente. A semana de treino, após a paragem forçada pela gastro, tinha sido bastante boa. O objectivo é treinar para o Triatlo longo. Queria ir ao Jamor com alguma carga nas pernas.
Mas mesmo indo com prudência, acabei por me colocar muito atrás na largada (quase no fim). Subestimei a quantidade de atletas.
E claro, para quem estava a apontar correr a 4m/km...passei no 1º km com 4m50s....e só na 2ª volta consegui correr com "espaço".
Mas sem stress, até é divertido ir sempre a passar.
Chegado o BTT, como já tenho uns anos disto (ao contrário de alguns que saíram que nem uns loucos...e morreram rapidamente:), comecei com cautela. Lá fui tentando encontrar o meu ritmo...até que ás paginas tantas...pumba! Grande queda. Na zona de empedrado da mata...a grande velocidade na roda do Renato Fidalgo...curva ligeiramente à direita...a roda da frente escorregou...e lá fui de rastos! Algo aparatoso! Mas levantei-me...fiz um check up geral, coloquei a corrente, vi passar o Luís, e siga que o caminho é para a frente!
Lá fui indo. Até ver o Marco passar por mim que nem um leão. Coincidiu também com a altura em que deixei de conseguir meter a pedaleira mais pequena (para fazer a subida grande da ultima volta, desmontei, coloquei a corrente à mão). Mas estive sempre com o espírito da coisa. Até estava a gostar daquela lama toda. E acreditem, não levei óculos e muitas vezes foi andar ás cegas com toda a lama que se soltava e entrava nos meus olhos! Acabei por desmontar um par de vezes na última volta devido a não ter desmultiplicação suficiente (e muita falta de força nas pernas). Faz parte!
Chegada a ultima corrida, senti algum alívio. Esta correu perfeitamente normal. Custou um pouco de inicio mas depois fui-me soltando.
No final, fiquei muito satisfeito com tudo aquilo. Foi uma aventura diferente. Para mais tarde recordar. Deu-me particular satisfação ver toda a equipa terminar. Todos muito sujos, uns com algumas escoriações, mas todos no final! Esse é o espírito! Deu para perceber, que talvez tirando o Bruno, todos os outros estavam muito satisfeitos. Acho que gostaram da lama!
Que chova nas Lezírias!

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